Fotos: Cláudia
Moysés/ PMC
O Fórum se consolida como um evento de
empoderamento da pessoa com deficiência, mostrando exemplos de destaque na
sociedade
O público que compareceu à Praça Ton Ferreira, no Centro, no domingo
(4), se surpreendeu com as espetaculares manobras dos paratletas no skate e em
cadeira de rodas, no 1º Open WXCM e Paraskate de Caraguá. O evento integrou as
atividades do 7º Fórum Inclusivo da Pessoa com Deficiência, que no dia 1º, teve
em sua abertura, a entrega do prêmio Empresa Inclusiva 2016.
Neste ano, os vencedores do concurso foram: Eras Centro Médico (categoria
microempresa) e restaurante Tapera Branca (pequena empresa). No mesmo dia, na
abertura, teve ainda a palestra “Qual a sua muleta? Transforme problemas em
solução”, com a jornalista Jéssica Paula Prego.
No campeonato, um dos paratletas que se apresentaram no paraskate foi
João Henrique de Oliveira, 27 anos, que nasceu com mielomeningocele (deficiência
congênita da coluna e medula espinhal) e teve que amputar as duas pernas aos
cinco anos de idade.
Há oito anos os amigos fizeram uma “vaquinha” e lhe presentearam com um
skate e o levaram para a pista de São Bernardo do Campo para praticar junto com
a galera. Resultado: hoje João Henrique faz apresentações pelo Brasil e
ministra palestras, patrocinado pela Associação Cartão Cristão. “Procuro
mostrar para as pessoas por meio dos meus vídeos de manobras no skate, que se quisermos
mesmo algo, conseguimos. Basta querer”, disse.
As atividades do 7º Fórum foram encerradas com o show do MC paulistano
Billy Saga. O músico é um dos mais autênticos e combativos rappers a abordar,
nas entrelinhas de músicas com temas variados (morte, amor, amizade,
preconceito, racismo, violência, etc) o direito das pessoas com deficiência.
Saga ficou paraplégico depois de um acidente de moto com uma viatura da PM, que
passou no semáforo vermelho conduzida por um policial com a carta de
habilitação vencida.
“Parabéns Caraguá, por dar exemplo de cidade inclusiva, por reconhecer o
valor das pessoas com deficiência na sociedade”, disse durante o show.
Ao fazer um balanço dos quatro dias do Fórum, a Secretária dos Direitos
da Pessoa com Deficiência e do Idoso (Sepedi), Ivy Monteiro Malerba, disse que
a sensação é de dever cumprido.
“Nos sete anos consecutivos, o Fórum Inclusivo cresceu e se consolidou
como um evento de empoderamento da pessoa com deficiência. Mostrou exemplos de
pessoas que, mesmo com limitações, se superaram e ocupam lugar de destaque na
sociedade como: os paratletas Fernando Fernandes e Clodoaldo Silva; as
jornalistas Daliani Ribeiro e Jéssica Paula Prego; os músicos, Billy Saga,
Marcelo Yuka, Dudu Braga e Kátia, o humorista Geraldo Magela, entre outros”,
disse.
A Secretária destacou também a amizade, o envolvimento, o suporte da
equipe da Sepedi, do apoio das demais Secretarias do Governo Municipal, e, principalmente,
pelo apoio incondicional do prefeito Antônio Carlos.
“Foi pela iniciativa do prefeito Antonio Carlos, com a criação da Sepedi
há cinco anos e, este ano, com a inauguração do Centro Integrado de Atenção à Pessoa com Deficiência e ao Idoso (CIAPI),
que pudemos avançar em políticas públicas voltadas à promoção da cultura
inclusiva”, ressaltou.
Ivy Malerba destacou alguns programas implantados como o de Tecnologia
Assistiva, Calçada Legal, Praia Acessível, Programa de Aprendizagem e Técnicas Inclusivas
com os cursos de LIBRAS, BRAILLE, Norma de Acessibilidade a Edificações
Mobiliário, Espaços e Equipamentos Urbanos (NBR-9050), entre outros, os
servidores públicos, terceiro setor, setor privado, área acadêmica e sociedade
em geral. Também o Plano de Mobilidade Urbana, projetos como as academias ao ar
livre para pessoas com deficiência e idoso, a Praça Sensorial, eventos como a
Semana de Valorização ao Idoso, etapas do Paratriathlon Paulista e Brasileiro,
várias parcerias com instituições de apoio à pessoa com deficiência e ao idoso.
“Essas e várias outras ações tornaram Caraguatatuba uma cidade
diferenciada no país, como referência na inclusão. Eu só tenho a agradecer e
afirmar que caminhamos muito, mas a luta não pode parar nunca”, concluiu.
Passeata – Sábado (3), ocorreu a tradicional passeata do Fórum Inclusivo. O tema
deste ano foi “Todos por uma sociedade inclusiva. A luta não pode parar!”.
Aproximadamente, 800 pessoas participaram do evento que teve início na Praça
Diógenes Ribeiro de Lima, na Avenida da Praia e percorreu algumas ruas do
Centro até terminar na Praça do Caiçara, Centro.
Uma presença ilustre chamou a atenção dos participantes: a do campeão
paralímpico de natação, Clodoaldo Silva. O “tubarão paraolímpico” como é
conhecido, mudou a história do paraesporte brasileiro, quando conquistou seis
medalhas de ouro e uma de prata nas Paralimpíadas de Atenas, em 2004. O
excelente desempenho do nadador, com então 25 anos, chamou a atenção dos
brasileiros para os atletas com deficiência e alavancou o paradesporto no
Brasil.
Na palestra que proferiu durante a programação do Fórum, no sábado à
noite, no Teatro Mario Covas, Clodoaldo contou um pouco da sua história. Silva
sofreu uma paralisia cerebral por falta de oxigênio durante o parto, o que
afetou a mobilidade de suas pernas e sua coordenação motora.
“O que sou hoje devo em grande parte a minha mãe. Ela sempre me tratou
como igual aos meus irmãos e nunca se deixou abater pelas dificuldades da vida.
Sempre tive muito amor em casa tanto dela quanto dos meus irmãos. Eu nunca fui
tratado como um coitadinho por ela, o castigo era igual para todos e o amor
também. Ela sempre repetia: não importa se você nasceu na favela, com
deficiência, importa pra você o seu objetivo de vida. Traçar sua meta e ir em
frente”, afirmou.
Depois de passar por quatro cirurgias nas pernas, em 1996, começou a
nadar como parte do tratamento de reabilitação. Daí não parou mais. Em 2000,
nas Paralimpíadas de Sydney, ganhou três medalhas de prata e uma de bronze, com
a equipe de natação brasileira. Quatro anos mais tarde, se consagrou em Atenas.
Em Pequim (2008), faturou uma de prata e outra de bronze. A última medalha foi
a de prata, conquistada este ano nas Paralimpíadas do Rio de Janeiro, no
revezamento 4x50 livre. Ele ainda foi o escolhido para acender a pira
paraolímpica.
“Aposentei a sunga no meu país, com medalha, cercado de amigos e
familiares, com uma torcida maravilhosa e, ainda, como o escolhido para ser o
último a carregar a tocha olímpica e acender a pira. Um momento único e
inesquecível”, declarou.
PMC
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