Como poderei viver... sem a tua companhia

o cenário de representação da política construído na e pela mídia define o próprio espaço da realidade política do mundo contemporâneo

 

Paulinho Popular

Aproveito o clima desenvolvimentista, instalado pela minissérie JK, para falar de um conceito elaborado por Venício Lima para compreender o papel da mídia na disputa política. Lima (1994) criou o conceito de cenário de representação da política (CRP), no qual o esboço do processo eleitoral vem sendo construído meses antes da votação.

Segundo Lima, o cenário de representação da política construído na e pela mídia define o próprio espaço da realidade política do mundo contemporâneo. Dessa forma, a minissérie implicitamente orientaria o telespectador a escolher o candidato “X”, no qual identificaria as características apresentadas pela verossimilhança da dramaturgia. Paralelamente a isso, têm dois eventuais candidatos a Presidência da República que possuem trajetórias de vida e política parecidas com a de Juscelino Kubitschek de Oliveira, no aspecto que esses começaram cedo na vida pública, vieram de famílias humildes, concluíram os estudos com muito esforço e atenderam a um chamado democrático. No decorrer do ano eleitoral o leitor vai identificar aqueles que serão favorecidos pelo CRP de JK.

Concomitante na construção do CRP, a mídia faz seu papel para incutir isso no cotidiano da população com revistas, reportagens, especiais e a divulgação de pesquisas eleitorais que mostram uma alternância de posições entre o(s) candidato(s), principalmente os que favorecem o bloco do poder. Estes, na maioria das vezes começam atrás nas pesquisas e terminam virando o jogo com a ajuda de todo o aparato midiático.

Agora é preparar para passar por um período com Risco-Brasil, Copa do Mundo, alianças, dossiês, CPIs é, o de sempre ou seja o que é de praxe em um ano de eleição. Tudo isso representado no cenário verossímil dos meios de comunicação. Artigo  publicado em 5/2/2006