sábado, março 22, 2014

Tráfico Humano é tema da Campanha da Fraternidade 2014




Igreja católica quer conscientizar fiéis sobre a importância de informar e denunciar casos suspeitos de violação dos direitos humanos


 Com o sonho de serem revelados novos talentos no futebol, 16 adolescentes, entre 12 e 16 anos, desembarcaram no Aeroporto de Guarulhos, acompanhados por um responsável, para participarem de clubes da série A. Os menores tinham autorizações dos pais para viajar, mas ninguém imaginava o destino desses jovens. Ao chegarem no aeroporto, foram levados para um hotel de quinta categoria, dopados na merenda e levados para uma clínica clandestina onde receberam injeção de hormônios e próteses mamárias. A mãe de um dos jovens, preocupada com a falta de notícias, acionou a Polícia Federal que conseguiu flagrar a quadrilha. E, para tristeza e espanto de todos, os detidos informaram que travestis meninos eram mais lucrativos no mercado. O caso, noticiado no ano passado, em jornal de grande circulação de São Paulo, foi relatado pelo Padre Sérgio Lúcio Costa, da Igreja Matriz de São Sebastião, ao usar a Tribuna da Câmara Municipal na última terça-feira, 18, para falar sobre o tráfico humano, tema da Campanha da Fraternidade deste ano.

“Esse fato aqui no Brasil, como tantos outros, mostra a realidade onde a pessoa “não é vista como um ser humano, mas como um cifrão”, disse Padre Sérgio que também relatou o venda, recentemente, em ruas do Brás, em São Paulo, de dois bolivianos por R$ 1.000,00 cada um, para trabalho escravo em lojas de confecções clandestinas. “São bolivianos, peruanos e até brasileiros de vários estados que são enganados e já chegam aqui devendo”, explicou o padre que acredita no poder da informação, da conscientização da população, da denúncia para ajudar pessoas escravizadas e vítimas de ações de grupos criminosos. 

 Padre Sergio também informou que, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), o tráfico humano só perde hoje para o de armas. “A principal fonte de renda é a prostituição internacional e o aeroporto de Guarulhos é porta de embarque e desembarque”. Já, em segundo lugar, vem o trabalho escravo e, em terceiro, o crime horrendo de comercialização de órgãos humanos. “Há clínicas na África, Moçambique, Nigéria e uma encontrada no Paraná que tratam as pessoas como gado. Até dentes são arrancados para mercantilização do ser humano. As pessoas de bem devem lutar contra esse crime. Precisamos repudiar isso”, declarou Padre Sérgio.



Campanha

 

A Campanha da Fraternidade começou na quarta-feira de cinzas, que marcou o início da quaresma. Ela foi lançada em missa solene na Basílica de Aparecida, interior paulista, pelo cardeal Dom Raimundo Damasceno, presidente da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Em vídeo produzido para falar sobre tráfico humano, a igreja alerta para crimes como o trabalho escravo, a exploração sexual, o tráfico de crianças e a venda de órgãos. O papa Francisco enviou mensagem aos bispos da CNBB e fiéis do Brasil onde afirmou que não é possível ficar impassível sabendo que existem seres humanos tratados como mercadoria. O tema será debatido até o fim do ano nas paróquias. 
 
 De acordo com a ONU, mais de 800 mil pessoas são vítimas, todos os anos, do tráfico humano que movimenta 32 bilhões de dólares anualmente em todo o mundo, sendo que 85% dos casos são referentes à exploração sexual. No Brasil, cerca de 475 pessoas foram vítimas do tráfico, no período de 2005 a 2011, a maioria adolescentes ou mulheres de até 29 anos. Os dados constam do Diagnóstico sobre Tráfico de Pessoas nas Áreas de Fronteira do Brasil, pesquisa inédita produzida pela Secretaria Nacional de Justiça do Ministério da Justiça em parceria com o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) e o Centro Internacional de Desenvolvimento de Políticas de Migração. O diagnóstico revela, pela primeira vez, detalhes sobre o tráfico de pessoas nos 11 estados fronteiriços do país, além de fornecer dados e informações fundamentais para o desenvolvimento, planejamento e avaliação de políticas públicas e de estratégias sustentáveis de enfrentamento ao tráfico de pessoas nas fronteiras brasileiras.

Muitas vezes, o problema está na nossa frente e não vemos, disse Padre Sérgio comentando o caso de um jovem da comunidade que, iludido pelo sonho de ser um novo talento no futebol, viajou para Dubai, Emirados Árabes, com a promessa de virar um grande craque. “Ele foi abandonado à própria sorte, mas encontrou pessoas que o ajudaram e conseguiu voltar. “O problema está muito próximo e não se pode esconder essa realidade”, frisou Padre Sérgio. lembrando que basta ligar ao Disque-Denúncia 100 e ajudar a apontar qualquer atitude suspeita que possa estar ligada ao tráfico de pessoas. Segundo Padre Sérgio é preciso, também, conscientizar os jovens para que eles não sejam iludidos pela promessa de uma vida fácil.
 
Fonte: CMSS

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