domingo, setembro 03, 2017

Servidor municipal relata detalhes de sua profissão por meio de desenhos e ilustrações



Conversador, prestativo, simpático, atencioso e perfeccionista. Estas são algumas características do senhor Dirceu Tavares, 64, que há 23 anos, braçal que trabalha na Regional Juquehy – divisão da Secretaria das Administrações Regionais (SEADRE), na Costa Sul do município, onde sempre recebe elogios dos colegas de trabalho com relação a habilidade natural que tem para realizar desenhos sobre veículos automotores.

A técnica utilizada pelo servidor público é o da observação. Ou seja, quando o artista retrata o que deseja a partir da vida real. O desenho normalmente é iniciado com lápis, sem o uso de qualquer ferramenta, e depois recebe outro tipo de tratamento. No caso dele, que nunca fez um curso relacionado à área, as ilustrações são coloridas com caneta esferográfica ou lápis de cor.

“Os desenhos são quase perfeitos. Ele consegue mostrar até um parafuso no papel. É muito legal o fato dele ser detalhista e muito concentrado no que faz. Ele é um verdadeiro artista. Uma pena não ter estudado para exercitar e melhorar sua habilidade”, avalia o operador de máquinas Jefferson Gentil Vitório, 53.

Quem também fala bem das gravuras do colega é o servente de obras Adilson Valente Souza, 38. “É uma coisa diferente que não vemos por aí. Ele tem um dom que muitos formados não têm. Consegue fazer tudo só com a mente, sem nenhuma ferramenta. Quem vê os desenhos pela primeira vez tem a impressão de que o autor possui estudo, mas não é bem assim”, acrescenta Souza. “Eu não conseguiria fazer o que ele faz. Acho que pessoas como ele, com tais habilidades, deveriam ter oportunidades para não parar de criar”, completa.

Para a escriturária Lídia Ignes Richeto, 47, o senhor Dirceu tem um dom de Deus. “Ele nunca frequentou uma escola e faz uns desenhos maravilhosos e perfeitos”, declara.

Visão
O “dom” ou habilidade do servidor, no entanto, atualmente está prejudicado em função da sua visão. “Antes eu terminava um desenho e já começava outro. Agora não aguento mais porque a minha vista cansa”, disse ele.

A última ilustração feita por ele foi no começo do mês de agosto a pedido de um colega de trabalho. Trata-se de uma Perua Kombi para recordação.

Tudo começou aos 13 anos de idade quando Dirceu residia com familiares em São Paulo, na capital, e ajudava um primo na oficina mecânica. De repente, de acordo com Tavares, houve uma vontade inesperada de ilustrar um carro. “Comecei a fazer o desenho e depois de pronto mostrei ao meu primo e minhas tias. Eles acharam muito bom e recebi muitos elogios. A partir daí, não parei mais porque fiquei muito animado”, relembra o desenhista, que nasceu em Santos (SP). 

Aos 15 anos, ele voltou a morar com os pais em Guarujá, na Baixada Santista, onde continuou a esboçar os seus desenhos. Com 18 anos de idade e apenas o antigo quarto ano primário (hoje 5ª série do Ensino Fundamental), começou a trabalhar registrado em empresas ligadas ao porto de Santos, mas sempre desenhava nas horas de folga.

Condições
Indagado sobre a realização de curso para afeiçoar a técnica e sua habilidade, ele disse que não teve condições financeiras e tempo disponível para se matricular em alguma escola. “Os meus pais sempre foram humildes e eu tinha que ajudá-los”, afirma. “Eu também nunca tinha pensado em me profissionalizar na área. Sempre desenhei para mim e para mostrar aos outros”, acrescenta. “Hoje, se fosse mais jovem, com certeza participaria de cursos”, admite Dirceu. 

Depois de casar e ter 12 filhos, o servidor municipal resolveu morar com seus trinta e poucos anos de idade na terra onde seus pais e avós nasceram, na Costa Sul de São Sebastião.

Em 1994, ingressou na Prefeitura da cidade. A cada gestão, Tavares mostra o seu passatempo aos novos colegas de trabalho, os quais ficam admirados com os ricos detalhes nas ilustrações. Questionado sobre o que é desenhar, Tavares é categórico e diz ser uma terapia e um ótimo passatempo.  

Sobre o número de suas ilustrações realizadas nos últimos 50 anos, ele não recorda quantos já fez e lamenta ter jogado fora os primeiros trabalhos, além de vários outros, devido à falta de local adequado para armazenamento ou por não terem sido enquadrados. “A umidade destruiu todos”.

De seus 12 filhos, dois deles também possuem habilidade natural para desenhar através da observação. Um faz exatamente o que o pai sempre fez: desenhar veículos automotores. Já o outro tem um leque mais aberto, pois envolve paisagem, animais e pessoas. “Desde pequenos eles me viam desenhando e tinham muita curiosidade. Hoje também desenham igual ao pai”, orgulha-se ele.  
PMSS





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