domingo, janeiro 10, 2016

Tradição da Folia de Reis encerra ciclo natalino

Eles se preparam o ano todo para celebrar o Dia do Santo Reis, celebrado em 6 de janeiro e chegam com a bandeira toda enfeitada com a imagem dos três Reis Magos e a Coroa do Divino, com instrumentos típicos decorados, com os cantadores e os mascarados  para o rito de salvação do presépio. Assim é a Folia de Reis, evento que encerrou o ciclo do período natalino com apresentações que encantaram o público na preservação das tradições culturais.
E foi assim, com esse encantamento, que moradores e visitantes presenciaram na noite de ontem (6), as apresentações dos grupos de Folia de Reis do Pontal da Cruz e do Morro do Abrigo no Rancho dos Pescadores, ao lado do espelho d´água, no Complexo Turístico da Rua da Praia, Centro Histórico da cidade, onde foi montado o presépio.
Promovidas pela Secretaria de Cultura e Turismo (Sectur), as apresentações tiveram início às 19h, com o grupo do Morro do Abrigo, o mais antigo da cidade (49 anos), embora haja relatos de sua existência desde 1946.
Há cerca de 25 anos na coordenação geral do grupo quem mantém em sua composição cerca de 12 integrantes está Laurindo Rosa dos Santos. Para ele, natural de São José do Barreiro (SP), a Folia de Reis não é somente uma tradição. “É uma religião porque fala da igreja católica nos cantos e da história do Menino Jesus e da salvação do presépio”.
Ele explicou que ao longo do ano todos se preparam para arrecadar recursos e doações para a grande festa onde é transferida a coroa do Rei e Rainha, os festeiros que prepararam o evento do próximo ano. “A passagem da coroa é a parte mais bonita da festa que tem comes e bebes, muita cantoria, orações e termina com forró”, disse o coordenador, acrescentando que este ano a festa da Folia de Reis do Morro do Abrigo acontecerá no próximo dia 16, a partir das 16h.
Já no próximo dia 30, a partir das 17h, no campinho do Pontal da Cruz, também na região central da cidade, acontecerá a festa da tradicional Folia de Reis do bairro que chega à sua 20ª edição, segundo informações de Marcia Paulino Sampaio, filha da coordenadora Ana Maria Paulino da Silva, mais conhecida como Ana Amélia. “Minha mãe coordena a bandeira há 20 anos, mas tem contato com a festa desde pequena, pois aprendeu tudo com seus pais, em São José do Barreiro”, comentou.
Em sua opinião é difícil manter a tradição visto que muitas crianças não seguem essa manifestação cultural. No entanto, para ela – que acompanha o grupo esse tempo todo – o mais importante é a sensação de poder doar e ajudar as pessoas. “A Folia de Reis também fala de caridade, doação e isso é muito bonito, me comove”, afirmou.
Lembranças
As apresentações desta quarta-feira (6), emocionaram o público.
Todos os anos, Aparecida das Dores, moradora na Topolândia, participa das tradições de encerramento do período natalino. “Essa tradição é linda e não pode acabar”. Aos 82 anos, Emília Jesus Santos, natural da Ilhabela e moradora em São Sebastião, se emocionou ao assistir as apresentações dos dois grupos. “Na Ilha, tinha todo ano, era maravilhoso. Quando meu terceiro filho nasceu, o Rei apareceu cantando na porta da minha casa e meu menino tinha acabado de nascer. Quando vejo, reporto ao passado, à minha mãe e pai, lembro de minha família. A gente tinha as festas do Espírito Santo, São Benedito e a Folia de Reis. Era tudo muito lindo”, declarou.
A secretária de Cultura e Turismo, Marianita Bueno, ressaltou a importância do trabalho mantido pelos grupos da cidade. Ela frisou a necessidade de se atuar pela manutenção das culturas tradicionais e manifestações folclóricas como a Folia de Reis, herdada dos colonizadores portugueses e desenvolvida no Brasil com características próprias enriquecendo a cultura nacional.

PMSS

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