Técnica utilizada no projeto propicia reprodução em cativeiro inédita no
mundo
O Projeto Garoupa, patrocinado pela Petrobras por
meio do Programa Petrobras Socioambiental, está contribuindo para evitar a
extinção da chamada garoupa verdadeira (Mycteroperca marginata), peixe listado
entre as espécies globalmente ameaçadas de extinção pela União Internacional de
Conservação da Natureza (IUCN). Uma base foi montada em Ilhabela (SP) para a
larvicultura da espécie, que consiste na criação de larvas de peixes em
cativeiro para reprodução assistida em tanques com cuidados especiais como controle
de temperatura e salinidade da água. As desovas no local totalizam mais de 1
milhão de larvas geradas e estocadas em tanques de vinil. A reprodução da
espécie em cativeiro é inédita no mundo e a taxa de sucesso da eclosão já
alcança 95%. O objetivo, no entanto, é aumentar ainda mais esse índice, uma vez
que a sobrevivência final de espécies obtidas da larvicultura fica entre 5 a
10% da desova inicial.
“A garoupa é um peixe marinho carnívoro com tamanho
entre 1,60 e 1,70 m e peso entre 80 e 90 kg que se alimenta de lulas, polvos,
sardinhas e bonitos, entre outros peixes, e vive nas águas do Brasil, da
África, do Caribe e do Mar Mediterrâneo. A carne é bastante apreciada na
culinária brasileira, mas o consumo da espécie tem sido predatório. Com o
patrocínio da Petrobras, temos o objetivo de repor as populações para que o
recurso natural esteja disponível na natureza para uso com parcimônia, de forma
sustentável", explica o engenheiro de pesca, mestre em Biologia Marinha e
coordenador geral do Projeto Garoupa, Maurício Roque da Mata
Júnior.
Para evitar a extinção da garoupa verdadeira, o
Projeto Garoupa está presente em sete municípios do Rio de Janeiro (Angra dos
Reis, Itaguaí, Mangaratiba, Paraty, Cabo Frio, Arraial do Cabo e Búzios) e
quatro de São Paulo (Ubatuba, Ilhabela, Caraguatatuba e São Sebastião). O
projeto trabalha com o reconhecimento dos habitats desse peixe, locais que
oferecem abrigo e alimento à garoupa. Abrange a coleta de dados físicos desses
habitats, tais como a quantidade e o tamanho das tocas do peixe, a temperatura
da água, medida várias vezes ao dia, e detalhes sobre a topografia da região. O
Projeto Garoupa reúne, também, dados biológicos, tais como a quantidade de
peixes existentes, a identificação de cada um por fotos e a identificação de
bentos (seres que vivem próximos ou grudados ao substrato marinho e servem de
alimento à fauna). A sobrevivência dos peixes é monitorada na natureza através
de técnicas como a telemetria (obtenção, processamento e transmissão de dados à
distância). Por fim, é feita a larvicultura da garoupa. “Um plantel (grupo de
animais selecionados) de 20 reprodutores pegos na natureza é trocado com
frequência, para garantir a variabilidade genética”, diz Maurício Roque.
Complementa o trabalho a educação ambiental de
crianças, adolescentes e adultos em escolas públicas e de outros públicos, como
quilombolas, índios, pescadores e turistas, através de palestras e oficinas,
assim como a formação de multiplicadores. "É preciso agir em múltiplas
frentes. Não há tempo a perder. A legislação brasileira proíbe a pesca da
garoupa com menos de 47 cm. Com esse tamanho, todos os peixes da espécie - que
é hermafrodita temporária - são ainda fêmeas, tornando-se machos os maiores
peixes quando atingem de 0,9 cm a um metro", complementa Roque.
Programa Petrobras
Socioambiental
Por meio do Programa Petrobras Socioambiental:
Desenvolvimento Sustentável e Promoção de Direitos, a Petrobras investe em
projetos de todo o país, com foco nas linhas de atuação Produção Inclusiva e
Sustentável, Biodiversidade e Sociodiversidade, Direitos da Criança e do
Adolescente, Florestas e Clima, Educação, Água e Esporte.
Fonte: Agência Petrobras
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