Foto: Estaleiro Mauá

Jaqueta de Mexilhão

Pré-sal
Amprogás debate investimentos de US$ 40 bilhões na Bacia de Santos

Os prefeitos e representantes das oito cidades ligadas à Associação dos Municípios Produtores de Gás Natural da Bacia de Santos (Amprogás) reuniram-se na sexta-feira, dia 13, no Auditório da Fundacc, em Caraguatatuba, para debater os investimentos da ordem de US$ 40 bilhões entre 2009 e 2013 no Campo de Tupi (Bacia de Santos), onde está localizado o campo de Mexilhão. Esta foi a 2ª reunião ordinária da entidade e contou com participação de representantes da Petrobras.

A reunião começou com o coordenador de instalação da UTGCA (Unidade de Tratamento de Gás de Caraguatatuba) Monteiro Lobato, Paulo Braga Trigueiro, explicando os investimentos na exploração do gás natural do campo de Mexilhão, que giram em torno de US$ 12 bilhões. Localizado a 146 quilômetros da costa, a plataforma de Mexilhão processará o gás natural de sete poços, em quais as reservas somam 45 bilhões de m³. Quando estiver em operação, estima-se a produção de 15 milhões m³ de gás por dia e 20 mil barris por dia de óleo e condensado. Esses hidrocarbonetos serão transportados para UTGCA Monteiro Lobato. De acordo com Trigueiro nessa fase o investimento é de U$S 2.2 bi.

Os participantes puderam conhecer outras estruturas que compõem a plataforma como a “árvore de natal molhada” (ANM – conjunto de válvulas reguladoras da produção de petróleo ou gás dentro d’água) e a “jaqueta” (estrutura metálica que sustenta a plataforma) de 70 metros de altura fabricada no Estaleiro Mauá, em Niterói (RJ).

Projeto Uruguá-Tambaú

As lideranças da Amprogás também tomaram conhecimento do Projeto Uruguá-Tambaú (RJ), em qual o navio FPSO (Floating Production Storage and Offloading) Cidade de Santos (espécie de plataforma) enviará para a Plataforma de Mexilhão (a 174 de distância) o gás natural produzido no local através de um cano de 18 polegadas. O navio tem a capacidade de processar 10 milhões de m³ de gás natural e 40 mil barris por dia de óleo condensado. O Cidade de Santos também armazenará os hidrocarbonetos e abastecerá naviotanques (aliviadores). O início da operação está previsto para 2010.

Exploração do Pré-sal

O presidente da Comissão Especial para a Capitalização da Petrobrás, o deputado federal Arnaldo Jardim (PPS), compareceu ao em encontro da Amprogás para falar sobre as regras (marco regulatório) que vão orientar a exploração do Pré-sal e do pós-sal, além do projeto de capitalização da Petrobras que detém 24% da área.

Entre as propostas de exploração do Pré-sal, Jardim destacou o regime de concessão (em vigor há 11 anos) e o regime de partilha (em fase de discussão); a criação de fundos para arrecadação e destinação dos recursos; criação da Petro-Sal (para gerenciar os contratos de exploração e com cadeira em todos os conselhos referentes ao tema e poder de vetos neles); e a capitalização da Petrobras, avaliada em US$ 180 bilhões.

Para o deputado federal Arnaldo Jardim, maior parte dos recursos provenientes da exploração do Pré-sal devem ser investidos fora do Brasil e em qualificação de mão-de-obra. “O grosso desses recursos devem ser aplicados no exterior. Também é necessário se investir em educação tecnológica e científica porque o diferencial deste século é o conhecimento e precisa ser multiplicado.”

Uma nova Macaé

Essa foi a preocupação do prefeito de Caraguatatuba Antonio Carlos da Silva (PSDB) durante a reunião da Amprogás. De acordo com o prefeito, a discussão sobre o tema Pré-sal é válida e oportuna, e precisa ser permanente. Silva reconhece a importância desses investimentos para o setor energético brasileiro. “É preciso desenvolver de forma sustentável gerando oportunidades para todos, tanto para os moradores quanto para as pessoas que virão para não virar uma Macaé”, alerta.

O prefeito de São Sebastião, Ernane Primazzi (PSC), foi convidado ao encontro na qualidade de presidente da Abramt (Associação Brasileira dos Municípios com Terminais Marítimos, Fluviais e Terrestres de Embarque e Desembarque de Petróleo e Gás Natural), que engloba 19 municípios. Primazzi partilhou da mesma preocupação do prefeito Antonio Carlos e de acordo com ele, a Abramt debaterá o assunto com a ANP (Agência Nacional do Petróleo) no próximo dia 25/11 no Rio de Janeiro (RJ). Ele quer mostrar a preocupação dos royalties em relação das cidades impactadas com essas instalações. “É preciso criar um fundo para o recebimento de toda essa infraestrutura. Temos que pensar em segurança, saneamento e estradas também. Se isso tivesse sido pensado antes, a realidade de Macaé era outra hoje”, conclui.

Também estiveram presentes no evento, os prefeitos associados da Amprográs Milena Xisto (Peruíbe), Maria Elizabeth (Iguape), Rui Teixeira (vice-prefeito de Ubatuba), Antônio Marcos Barros (Paraibuna), Carlos Vilela (Caçapava), Carlos Alberto de Souza (Jambeiro). Também marcaram presença os deputados Davi Zaia (PPS), Mozart Russomano (PP), o vice-prefeito Antonio Carlos Júnior (PSDB), o presidente da Câmara de Ilhabela e da Frente Parlamentar do Litoral Norte, vereador Valdir Veríssimo (PPS), secretários municipais e representantes da Transpetro.